A primeira reunião do que depois veio a ser
uma revista de poesia de número único, a Bliss,
foi feita num dos populares bares que ficam em frente à Universidade do Estado
do Rio de Janeiro. Começou com o sol no céu, terminou quando as coisas precisam
fechar e tudo termina. A folha em que a discussão foi anotada foi depois
scaneada, e são basicamente garranchos esparsos de uma conversa animada, e cujo
raciocínio talvez não seja fácil recuperar hoje. A ideia inicial era a de uma
revista dedicada à poesia erótica, com poemas, entrevista com Glauco Mattoso e
mangá ligeiramente pornográfico. Nas reuniões seguintes, boa parte disso foi
reformulada; o que permaneceu foi a sensação de que poemas – e quaisquer outros
textos – precisam de experiências, de riscos, do amontoado de embaralhados
emocionais e descobertas de desejo, que os avivam.
Desde o início, planejamos fazer com que os
encontros nos poemas, ou dos poemas, e mesmo com ou a partir de poemas,
pudessem ganhar um espaço na internet, na forma de um blogue, em que novas
experiências, riscos, embaralhados emocionais e descobertas de desejo pudessem
ser suscitados. Quer dizer, que as ideias que estavam lá, na primeira reunião,
pudessem voltar agora modificadas – já que a pata do mundo não tende a deixar
nada quieto – e ganhar nova vida.
Foi
necessário, antes disso, talvez, que tivéssemos realizados os encontros de
poesia “Bliss não tem BIS” – que, depois da estreia, no Rio de Janeiro, e de
uma apresentação em Cachoeira no Recôncavo Baiano, vão para a terceira edição
(a ser marcada) – para poder chegar aqui hoje. Se a temporalidade transitória
de dizer poemas em auditórios, bares, etc., pode ser uma alegria em si, ela
também aponta para a vontade de que ela ganhe outros espaços, igualmente
transitórios, mas de velocidades distintas. Por isso, a ideia desse blogue, sem
bis, sem repetição, cada termo da série com sua singularidade inigualável.
Um blogue como um beijo. Kiss Bliss.
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